Alan Marques/Folha Na definição de Harry Truman, “um presidente é apenas um relações-públicas graduado que passa o dia bajulando, beijando e chutando as pessoas, para que elas façam suas obrigações.” Até dois dias atrás, Lula bajulava o tucanato. Achava que o PSDB tinha quase que a obrigação de ajudá-lo a renovar o imposto do cheque. Não foi atendido. E passou à fase dos chutes.
"Se alguém achou que votava contra o presidente, se enganou”, disse Lula, referindo-se à rejeição da emenda da CPMF. “Se enganou porque o presidente não é mais candidato. Se enganou porque prejudica o próximo governo." Para Lula, “alguém vai ter que responder por que a saúde não terá R$ 24 bilhões a mais nos próximos quatro anos. Ou por que a saúde deixou de receber, a partir de 2010, mais R$ 80 bilhões."
Lula poderia encomendar a resposta à coordenação política do Planalto. Dispondo de 53senadores, seu consórcio partidário não conseguiu arrastar 49 votos para o painel eletrônico do Senado. Mas a culpa, na visão do presidente, é do PSDB. Acha que, como pai da CPMF, o tucanato sabe que o tributo é necessário.
De resto, Lula acha que o partido deveria ter levado em conta os interesses de seus dois presidenciáveis. José Serra e Aécio Neves parecem dar-lhe razão. Ãs turras com a bancada de senadores tucanos, Serra chegou mesmo a trocar amabilidades com Lula nesta sexta-feira (14).
Diante do fato consuma, o que fazer? "Vamos manter o superávit primário, manter uma política fiscal séria e arrumar um jeito das coisas acontecerem nesse país. O PAC vai continuar no país", disse Lula. Para converter o mantra da responsabilidade fiscal em realidade, o governo será compelido a aumentar impostos e cortar gastos. A elevação dos tributos é certa como o nascer do Sol a cada manhã. Os cortes nem tanto. Lula continua falando em contratar gente.
A assessoria do ministro Guido Mantega informa ao blog que o titular da Fazenda está absolutamente afinado com Lula na opção pela manutenção da meta de superávit primário, hoje fixada em 3,8% do PIB. Informa-se que o próprio ministro defendera a tese junto ao presidente.
Reconhece-se na Fazenda que, na abertura da discussão acerca das providências que teriam de ser adotadas para compensar a arrecadação de R$ 40 bilhões que seria proporcionada pela CPMF, a idéia de reduzir o superávit foi à mesa. Mantega, porém, teria exorcizado a macumba no nascedouro.
Escrito por Josias de Souza
sábado, 15 de dezembro de 2007
Lula: fim da CPMF ‘prejudica o próximo governo’
Presidente repisa a tecla da responsabilidade fiscal
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