sábado, 15 de dezembro de 2007

Lula: fim da CPMF ‘prejudica o próximo governo’

Presidente repisa a tecla da responsabilidade fiscal

Alan Marques/Folha
Na definição de Harry Truman, “um presidente é apenas um relações-públicas graduado que passa o dia bajulando, beijando e chutando as pessoas, para que elas façam suas obrigações.” Até dois dias atrás, Lula bajulava o tucanato. Achava que o PSDB tinha quase que a obrigação de ajudá-lo a renovar o imposto do cheque. Não foi atendido. E passou à fase dos chutes.

"Se alguém achou que votava contra o presidente, se enganou”, disse Lula, referindo-se à rejeição da emenda da CPMF. “Se enganou porque o presidente não é mais candidato. Se enganou porque prejudica o próximo governo." Para Lula, “alguém vai ter que responder por que a saúde não terá R$ 24 bilhões a mais nos próximos quatro anos. Ou por que a saúde deixou de receber, a partir de 2010, mais R$ 80 bilhões."

Lula poderia encomendar a resposta à coordenação política do Planalto. Dispondo de 53senadores, seu consórcio partidário não conseguiu arrastar 49 votos para o painel eletrônico do Senado. Mas a culpa, na visão do presidente, é do PSDB. Acha que, como pai da CPMF, o tucanato sabe que o tributo é necessário.

De resto, Lula acha que o partido deveria ter levado em conta os interesses de seus dois presidenciáveis. José Serra e Aécio Neves parecem dar-lhe razão. Ãs turras com a bancada de senadores tucanos, Serra chegou mesmo a trocar amabilidades com Lula nesta sexta-feira (14).

Diante do fato consuma, o que fazer? "Vamos manter o superávit primário, manter uma política fiscal séria e arrumar um jeito das coisas acontecerem nesse país. O PAC vai continuar no país", disse Lula. Para converter o mantra da responsabilidade fiscal em realidade, o governo será compelido a aumentar impostos e cortar gastos. A elevação dos tributos é certa como o nascer do Sol a cada manhã. Os cortes nem tanto. Lula continua falando em contratar gente.

A assessoria do ministro Guido Mantega informa ao blog que o titular da Fazenda está absolutamente afinado com Lula na opção pela manutenção da meta de superávit primário, hoje fixada em 3,8% do PIB. Informa-se que o próprio ministro defendera a tese junto ao presidente.

Reconhece-se na Fazenda que, na abertura da discussão acerca das providências que teriam de ser adotadas para compensar a arrecadação de R$ 40 bilhões que seria proporcionada pela CPMF, a idéia de reduzir o superávit foi à mesa. Mantega, porém, teria exorcizado a macumba no nascedouro.

Escrito por Josias de Souza

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Pedro Simon justifica pedido de tempo para analisar proposta do governo sobre CPMF

PLENÁRIO / Pronunciamentos
13/12/2007 - 18h57

Dizendo-se machucado por inúmeras críticas recebidas tanto de parlamentares quanto de cidadãos de todo o país, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) ocupou a tribuna para explicar seus motivos ao propor o adiamento da votação a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira ( CPMF ), durante a apreciação da matéria, na sessão deliberativa que se estendeu até a madrugada desta quinta-feira (13).

Na opinião de Simon, mesmo tendo a carta dos ministros e a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegado na última hora ao Plenário do Senado, mereciam ser levadas em conta pelos senadores em razão da relevância das propostas nelas contidas -de destinação integral dos recursos da CPMF para a área da saúde e de discussão da reforma tributária.

- Em primeiro lugar, eu tenho como norma agir de acordo com a minha consciência, de acordo com aquilo que eu acho que está certo, e não de acordo com aquilo que, politicamente, me deixa bem - disse ele, em respostas a questionamentos encaminhados à sua página na Internet.

Analisando o histórico das prorrogações da CPMF aprovadas pelo Congresso Nacional, desde a sua criação em 1993, durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, até o momento atual, Simon lembrou que em todas as votações de revalidação da cobrança do tributo promessas foram feitas por parte do Executivo no sentido de implementar uma reforma do sistema tributário, que, no entanto, nunca se realizou.

Simon chamou a atenção para o fato de, em seu discurso, não ter feito apelo, em momento algum, para a aprovação da prorrogação da CPMF.

- Eu fiz um apelo no sentido de pararmos às 10h [22h], sentarmos à mesa e discutirmos. O governo está propondo tudo para a saúde, a vida inteira quisemos isso e não conseguimos - argumentou.

Encerrando seu pronunciamento, Simon sugeriu ainda ao parlamentares que se reúnam com o Executivo para discutir, nos meses de janeiro e fevereiro, uma proposta de reforma tributária para o país.

Laércio Franzon / Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

CPMF: O SIGNIFICADO DA DERROTA DE LULA

por Paulo Moura, cientista político

A derrota do governo na votação da CPMF não pode ser medida pela pequena diferença de votos que inviabilizou a continuidade desse imposto. O significado desse resultado é político, e suas conseqüências e desdobramentos se projetam sobre o cenário de longo prazo. A derrota é enorme. E, acima de tudo, tem dono: Lula.

O que esteve em jogo foi, nada mais nada menos, do que a balança do poder no sistema político brasileiro. O que estaria sob risco com a eventual renovação da CPMF era a instituição sagrada da alternância do poder na democracia brasileira. Sob essas circunstâncias, a derrota do projeto continuísta de Lula soma-se à derrota de Hugo Chávez no recente plebiscito venezuelano, e ao resultado da pesquisa Datafolha, que revelou 65% dos brasileiros contra a concessão de mais do que dois mandatos para quaisquer presidentes da República. Essa é a magnitude do fato.

Essa constatação não implica afirmar que todos os votos da oposição contra o imposto se deram por espírito democrático dos senadores. Assim como Lula, os petistas e seus aliados de ocasião queriam a renovação da CPMF, com vistas a garantir as condições de sua eternização no poder. Essa intenção também jazia implícita à natimorta "reforma política". O que moveu o DEM e trouxe de volta o ex-presidente FHC ao jogo político como operador do enquadramento dos senadores tucanos, foi a eleição de 2010.

Nada há de errado nisso. Orientar ações no tabuleiro político de olho na balança do poder é legítimo, desde que o jogador não sacrifique o interesse público em nome de suas ambições particulares. Ao rejeitar a CPMF e aprovar a famigerada DRU, a oposição causou um revés político ao governo e ao projeto continuísta dos inquilinos do poder, sem sacrificar as condições da gestão financeira do Estado.

As escolhas que Lula fará para manter o equilíbrio fiscal daqui para frente são problemas que Lula tem que resolver. Nesse sentido, o destempero verbal do presidente contrariado, assim como as mentiras, blefes, ameaças e chantagens a que recorreu em público, alimentam a imaginação sobre o que deve ter ocorrido fora da visibilidade da opinião pública para aprovar o financiamento político do seu projeto continuísta.

O presidente da República chamou os brasileiros, cansados de serem assaltados pelo governo, de sonegadores, o ministro da Fazenda botou em jogo a estabilidade monetária ao ameaçar reduzir o superávit primário ao limite da irresponsabilidade, os defensores da CPMF responsabilizaram a oposição por cortes nos gastos sociais e no repasse de verbas para os estados e municípios, além da ameaça de retaliação aos governistas que votaram contra o governo, dentre outros expedientes.

A promessa patética de última hora, de investir todo o dinheiro da CPMF na Saúde, dá uma dimensão do desespero do derrotado. Se esses expedientes forem postos em prática para além da retórica, há riscos econômicos e políticos consideráveis se projetando sobre o cenário imediatamente à frente.

Quem repercutiu os argumentos pró-CPMF de um governo que só faz crescer despesas supérfluas e gastos politicamente dirigidos ao seu projeto continuísta, ou não está bem informado, ou carece de inteligência, ou agiu de má fé. Acreditar que um governo perdulário, conivente com a corrupção e comprovadamente orientado para a perpetuação no poder, gastaria esse dinheiro com rubricas sociais e repasses a entes federados com base na palavra de Lula apenas. Equivale-se a fingir que acredita em Papai Noel já na idade adulta. Desde a invenção desse imposto, sabe-se que contribuições federais não têm destino carimbado, e os governos, todos, gastam-no como querem.

Nessa perspectiva, beirou o ridículo a conduta do senador Pedro Simon (PMDB/RS), que se auto-atribui a condição de última virgem no cabaré da política brasileira. O ilustre senador, representante de uma província na qual os eleitores prezam quem toma partido e não tergiversa, conseguiu movimentar-se de um extremo ao outro dos posicionamentos ante o que estava em jogo.

Num primeiro momento, aparentando indignação, o senador gaúcho subiu à tribuna e recorreu a todo o seu arsenal retórico para intimar o presidente da República a explicar porque declarou que o cidadão Pedro Simon (PMDB/RS) não seria previsível e nem confiável para merecer seu apoio para presidir o Senado. No momento seguinte, o mesmo cidadão provou ser imprevisível, mas não inconfiável ao governo. Na prática, Simon curvou a espinha aos interesses continuístas de Lula, propondo o adiamento da votação da CPMF e votando pela prorrogação do imposto, ante a iminência da derrota que se prenunciava.

Se tivesse calado e votado a favor da CPMF, como fez o senador Jefferson Peres (PDT/AM), outro arauto da moralidade pública e da dignidade e independência do Legislativo frente ao Executivo, seria igualmente medíocre; mas menos ridículo. O que terá calado e submetido esses dois senhores às vontades palacianas deixa uma inquietante e nebulosa interrogação pairando na mente dos observadores atentos.

O centrismo de Yeda Crusius, Aécio Neves e José Serra não foi menos patético. Não é possível acreditar que apenas a fé na palavra de Lula de que abasteceria os cofres dos governos do PSDB, ninho no qual repousam os principais adversários do PT em 2010, com recursos da CPMF, tenha movido essa senhora e esse dois senhores.

O jogo político no país, daqui para frente é outro. Em artigo recentemente aqui publicado, afirmamos que o vento que embalava Lula desde a reeleição está virando. Daqui para frente o presidente terá que buscar alternativas para manter o equilíbrio fiscal e a condução política de seu projeto de poder sob condições mais adversas do que aquelas com que contava em novembro de 2007.

Isso é o que define a pauta da agenda da oposição no próximo período.


Editor do site www.professorpaulomoura.com.br

LULA NA VENEZUELA

REFINARIA DAS MIL E UMA PEDRAS FUNDAMENTAIS
PRESIDENTE USA A VISITA PARA REINVENTAR A REFINARIA VIRTUAL DE PERNAMBUCO


Toinho de Passira
Fontes: Portal 360º, Último Segundo, Estadão e site Governo da Venezuela

Por incrível que pareça, entre as coisas que Lula diz ter ido fazer hoje na Venezuela foi assinar um protocolo de intenção, da futura criação de uma "empresa mista" que construirá e coordenará uma
refinaria capaz de processar "200 mil barris diários" em Pernambuco, segundo o site Último Segundo.

Não dá para acreditar, pois desde dezembro de 2005, ou seja, há dois anos, Chávez e Lula estiveram aqui em Pernambuco, lançaram à pedra fundamental da Refinaria, o venezuelano ganhou título de cidadão da cidade de Abreu Lima, tomarão muito uísque e encheram o saco do então governador Jarbas Vasconcelos.

Durante a Campanha eleitoral, no programa eleitoral gratuito, quando falava da Refinaria em Pernambuco, mostravam a imagem de uma refinaria ou algo que valha, pois ninguém por aqui sabe mesmo como é uma refinaria, mas dava para jurar que a "baixinha” estava em pleno funcionamento.
Clique aqui e leia a reportagem completa

DESCANSE EM PAZ


Imagem do blog: The Passira News.

Algo de novo no velho front

DEMOCRATAS, A REVELAÇÃO DA POLÍTICA

Dora Kramer

Com o PSDB perdido no vaivém de sempre e o PT preso ao dogma de que em time vencedor não se mexe, a novidade na cena partidária surge da representação do que havia de mais antigo na política brasileira: o PFL, que ontem oficializou a mudança de nome e a atualização do programa do partido.

Há léguas a percorrer antes que o velho pefelê convença, de fato, nessa nova versão Democratas e se livre das marcas adquiridas ao longo de uma vida inteira dedicada ao fisiologismo, ao governismo, ao clientelismo e ao conservadorismo.

Mas, justiça se faça, é o único partido hoje dedicado à tarefa de dar um passo à frente e oferecer ao eleitorado uma mercadoria muito bem definida, de inspiração liberal e atuação pragmática sem meios-tons.

Se é para fazer oposição, é para fazer de A a Z. Se é para defender uma proposta, é para defender na base do tudo ou nada, sem negociações que alterem o mérito da questão.

No caso ainda em curso da CPMF, o Democratas joga no princípio: é contra o imposto, fecha questão, aposta que pelo menos uma boa parte dos 60% da população também contrária lhe confira a vitória do discurso.

Com isso, conta se diferenciar do PSDB, cujas idas e vindas vão formando uma impressão exatamente oposta no eleitorado. Sem pretensão de disputar o eleitor de Lula - este dá como perdido - investe na sobra que hoje é minoria, mas anda órfã e em busca de um lar.

Para quem não tem quase nada, perdeu parlamentares a mancheias, tem um único governador e está à frente de apenas 6 das 100 cidades mais populosas do País, não há realmente muita saída a não ser a tentativa de se reinventar.

O Democratas afastou da linha de frente as antigas lideranças, renovou as direções regionais, mudou de rosto e tenta mudar de alma, elegendo bandeiras referidas na realidade do cidadão: segurança, meio ambiente, controle de gastos oficiais, redução de impostos, eficácia na prestação de serviços públicos.

Em princípio, está fora da disputa pela sucessão do presidente Luiz Inácio da Silva e, até por isso mesmo, atua com mais liberdade para abrir um caminho e forjar uma imagem para recuperar a condição de força política eleitoralmente competitiva e socialmente reconhecida.

A expectativa do partido é atingir esse objetivo em mais duas ou três gerações eleitorais. Enquanto isso, vai seguindo a sua trilha, guiado, de um lado, pelas pesquisas de opinião e, de outro, pela convicção de que pode ocupar o espaço aberto pelo distanciamento entre a sociedade e o mundo da política.

As pesquisas já mostraram há algum tempo que o mote mais eficaz é o da segurança, confirmado pela última pesquisa do Ibope, mostrando que o tema é o campeão na escala de preocupações da sociedade.

Baseado nisso, o Democratas falará de segurança pública, mas também baterá nas teclas da segurança ambiental, segurança alimentar, educacional, de saúde, de renda, de direitos, garantias democráticas individuais e coletivas.

No quesito diálogo com a sociedade, investe na idéia da cidadania em substituição à ideologia, repudia o populismo que já praticou à larga em seus tempos de supremacia e passa o bastão aos mais jovens, confiando a eles a missão de encomendar as almas do passado nos funerais do partido do atraso.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Governo foi derrotado pela base aliada

VOTARAM CONTRA E SÃO DE OPOSIÇÃO AO GOVERNO

DEM - 14
Adelmir Santana (DEM-DF)
Antonio Carlos Junior (DEM-BA)
Demóstenes Torres (DEM-GO)
Efraim Morais (DEM-PB)
Eliseu Rezende (DEM-MG)
Heráclito Fortes (DEM-PI)
Jayme Campos (DEM-MT)
Jonas Pinheiro (DEM-MT)
José Agripino (DEM-RN)
Kátia Abreu (DEM-TO)
Marco Maciel (DEM-PE)
Maria do Carmo Alves (DEM-SE)
Raimundo Colombo (DEM-SC)
Rosalba Ciarlini (DEM-RN)

PSDB - 13
Álvaro Dias (PSDB-PR)
Arthur Virgílio (PSDB-AM)
Cícero Lucena (PSDB-PB)
Eduardo Azeredo (PSDB-MG)
Flexa Ribeiro (PSDB-PA)
João Tenório (PSDB-AL)
Lúcia Vânia (PSDB-GO)
Marconi Perillo (PSDB-GO)
Mario Couto (PSDB-PA)
Marisa Serrano (PSDB-MS)
Papaléo Paes (PSDB-AP)
Sérgio Guerra (PSDB-PE)
Tasso Jereissati (PSDB-CE)

PSOL - 1
José Nery (PSOL-PA)


VOTARAM CONTRA E SÃO DA BASE DE APOIO

PMDB - 3
Geraldo Mesquita (PMDB-AC)
Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE)
Mão Santa (PMDB-PI)

PR - 2
César Borges (PR-BA)
Expedito Junior (PR-RO)

PTB - 1
Romeu Tuma (PTB-SP)

1) Como se vê, não houve defecções entre oposicionistas;
2) Seis senadores de partidos da base aliada derrotaram o governo; somados aos 45, seriam 51 votos: apenas 49 eram necessários.

VOTARAM A FAVOR DA CPMF

PMDB - 16
Almeida Lima (PMDB-SE)
Edson Lobão (PMDB-MA)
Gerson Camata (PMDB-ES)
Gilvam Borges (PMDB-AP)
José Maranhão (PMDB-PB)
José Sarney (PMDB-AP)
Leomar Quintanilha (PMDB-TO)
Neuto do Conto (PMDB-SC)
Paulo Duque (PMDB-RJ)
Pedro Simon (PMDB-RS)
Renan Calheiros (PMDB-AL)
Romero Jucá (PMDB-RR)
Rosenana Sarney (PMDB-MA)
Valdir Raupp (PMDB-RO)
Valter Pereira (PMDB-MS)
Wellington Salgado (PMDB-MG)

PT 12
Aloísio Mercadante (PT-SP)
Augusto Botelho (PT-RR)
Delcídio Amaral (PT-MS)
Eduardo Suplicy (PT-SP)
Fatima Cleide (PT-RO)
Flavio Arns (PT-PR)
Ideli Salvatti (PT-SC)
João Pedro (PT-AM)
Paulo Paim (PT-RS)
Serys Slhessarenko (PT-MT)
Sibá Machado (PT-AC)
Tião Viana (PT-AC)

PDT - 5
Cristovam Buarque (PDT-DF)
Osmar Dias (PDT-PR)
Patricia Saboya (PDT-CE)
João Durval (PDT-BA)
Jefferson Péres (PDT-AM)

PTB - 5
Epitácio Cafeteira (PTB-MA)
Gim Argello (PTB-DF)
João Vicente Claudino (PTB-PI)
Sérgio Zambiasi (PTB-RS)
Euclydes Melo (PTB-MA)

PR 2
João Ribeiro (PR-TO)
Magno Malta (PR-ES)

PSB – 2
Antonio Carlos Valadares (PSB-SE)
Renato Casgrande (PSB-ES)

PP – 1
Francisco Dornelles (PP-RJ)

PC DO B – 1
Inácio Arruda (Pc do B-CE)

PRB -1
Marcelo Crivella (PRB-RJ)

Governo sai derrotado e Senado derruba prorrogação da CPMF

BRASÍLIA - Após mais de sete horas de discussão, o Senado derrotou o governo na madrugada desta quinta-feira, 13, e derrubou a prorrogação da CPMF. Foram 45 votos a favor e 34 contra. Com isso, o 'imposto do cheque' deixa de vigorar no próximo ano. Com o tributo, o governo pretendia arrecadar cerca de R$ 40 bilhões anuais, com a alíquota da CPMF em 0,38%. As negociações e acordos do Planalto não foram suficientes para reunir o apoio de 49 senadores para que o tributo passasse na Casa. A vitória da oposição só foi possível com o apoio de dissidentes da base aliada.

O Senado aprovou ainda a prorrogação, até 2011, da desvinculação de 20% das receitas do orçamento que têm destinação fixada pela Constituição e são oriundas de impostos, contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico - a chamada DRU (Desvinculação de Receitas da União). Foram 60 votos favoráveis, 18 votos contrários e nenhuma abstenção.

Em última cartada para salvar a CPMF, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), fez um apelo aos senadores na noite desta quarta e chegou a sugeriu que a votação fosse adiada. Com a carta-compromisso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em mãos, Jucá pediu que os senadores refletissem sobre a nova proposta. Em seguida, a oposição - DEM e PSDB - tomou a palavra e descartou adiar a votação.

O documento previa aumento dos repasses da CPMF para a saúde. A proposta era de um repasse de mais R$ 8 bilhões para a saúde em 2008. Em 2009, R$ 12 bilhões e em 2010, R$ 16 bilhões somados à correção dos repasses pelo Produto Interno Bruto (PIB). O governo também se comprometeu em prorrogar a CPMF por apenas um ano e, durante esse período, fazer a reforma tributária.

Sem conseguir ajuda do PSDB, Jucá não escondeu sua decepção e a expectativa de ver derrotada a proposta. No início da sessão de votação, no final do tarde, ele chegou a reconhecer que, mantido aquele cenário, o Planalto seria derrotado. "O governo está preparado para perder", admitiu. Junto com os 14 senadores do DEM, os tucanos se recusaram também a ajudar o governo a salvar a parte da proposta que prevê a prorrogação da Desvinculação das Receitas da União (DRU). Graças à DRU, o governo consegue ter flexibilidade de caixa para usar como quiser receitas que são vinculadas a alguns setores, atendendo à Constituição. Sem a renovação da DRU, o governo ficará sem essa margem de manobra.

O PSDB só aceita retomar o debate a partir de janeiro, numa ampla discussão. "O governo quis quebrar a espinha do PSDB. Nós só aceitamos discutir a CPMF numa reforma tributária, depois que o governo descer ao nível terrestre novamente", avisou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).

Racha

Sem os 49 votos necessários para aprovar a CPMF e a DRU, o governo passou os últimos dias apostando num racha da bancada do PSDB, acenando com a possibilidade de destinar 100% dos recursos da contribuição para a saúde. A proposta balançou os tucanos, que fizeram reunião de emergência na noite de terça-feira para discutir o assunto.

O presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), avisou aos colegas que nada havia sido formalizado. "É surreal discutirmos algo que não existe formalmente", disse. A partir daí, o governo começou a tentar formatar alguma proposta que dobrasse os senadores, mas não se comprometeu em repassar 100% da CPMF para a saúde. O primeiro a oferecer uma alternativa concreta foi o deputado Antônio Palocci (PT-SP), um dos articuladores do governo nas negociações com a oposição.

Palocci ligou para Guerra e perguntou se o partido aceitaria apoiar a CPMF por um ano, diante de um compromisso formal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que rediscutiria a proposta em 2008, dentro da reforma tributária.

Guerra insistiu em que a proposta fosse formalizada em carta por Lula. A proposta, então, iria para discussão com a bancada. Palocci garantiu que, se o PSDB topasse a idéia, o presidente enviaria a carta-compromisso. Nem Lula enviou a carta, nem o PSDB sinalizou apoio e a proposta morreu. "Não acredito em canto de sereia", disse Virgílio. À tarde, Jucá se reuniu com Guerra propondo um remanejamento dos recursos da CPMF, que garantiria um repasse maior para a saúde. Isso equivaleria a cerca de R$ 3 bilhões a mais para o setor.

Longe dos 100% sinalizados no dia anterior, Guerra disse que o PSDB não aceitava a idéia. Depois desse encontro, a bancada do PSDB voltou a se reunir e reforçou a posição de rechaçar a prorrogação da CPMF.

Sem ter mais cartas na manga, os integrantes da base do governo no Senado usaram todo o tempo disponível, na sessão de ontem, para fazer o "discurso do medo". "O povo está atento ao que vamos fazer hoje", afirmou a líder do PT na Casa, Ideli Salvatti (SC).

Do Blog A Língua

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Lula mais parece uma criança mimada......


LULA SEM CPMF E O
LIMITE DA IRRESPONSABILIDADE FISCAL


por Paulo G. M. de Moura, cientista político

O destempero verbal e o tom de ameaça de Lula aos adversários da CPMF sugerem que as informações da imprensa sobre a falta de três a cinco votos para o governo aprovar a renovação desse imposto, às vésperas da votação, procedem. Não pode ser descartada a hipótese de que, sabedores da derrota provável, alguns senadores oscilantes, temendo a reação de seus eleitores, terminem abandonando a canoa governista na última hora. A se confirmar esse cenário, duas interrogações se impõem à análise política:

a) O que estaria levando Lula à derrota?

b) Como governará Lula sem os R$ 40 bilhões anuais desse imposto?

Se a CPMF for aprovada, a nação inteira já sabe qual terá sido a natureza dos ‘argumento$’ usados para seduzir os poucos senadores recalcitrantes. Mas, tudo indica que, se a derrota da CPMF se confirmar, a explicação para o fato estará na fome de poder de Lula, que deixou o debate sobre o terceiro mandato se misturar com a tramitação do imposto. Agregada a esse fator, a segunda razão terá sido a reação da opinião pública diante da voracidade fiscal de um governo perdulário e conivente com a corrupção.

Um levantamento de opinião do Ibope de junho de 2005 apontou rejeição de 73% dos entrevistados à atuação do governo na área dos impostos. No Rio Grande do Sul, onde os três senadores devem votar com Lula acreditando em socorro federal ao estado falido, levantamento do Dataulbra de 2007 revelou rejeição de 94% dos gaúchos a aumento de impostos. Sob forte pressão popular, a Assembléia Legislativa do RS rejeitou pela segunda vez, e agora por 34 votos a zero, um tarifaço no ICMS de energia, combustíveis e telecomunicações proposto pela governadora tucana Yeda Crusius.

Alguns dos principais veículos de comunicação denunciam, em meio às ameaças de Lula de surrupiar dos brasileiros R$ 40 bilhões de reais por ano até 2011, que os gastos sociais do governo estão estacionados em 16% do orçamento. Ao mesmo tempo, despesas correntes injustificáveis com contratações de militantes sem concurso e mordomias crescem em proporção e velocidade além do limite da responsabilidade.

A intenção assumida dos lulistas, com a conivência de Lula, de tentar mudar a Constituição para se perpetuarem no poder parece ser o fator decisivo para a reação da opinião pública, de setores da mídia e da oposição no Senado, para barrar a CPMF.

A intenção continuísta de Lula ficou evidente com seu silêncio em relação às iniciativas de seu amigo, deputado federal e sindicalista do PT por São Bernardo do Campo, Devanir Ribeiro, de aprovar a re-reeleição por plebiscito. Silenciando sobre isso e apoiando a iniciativa de Hugo Chávez em referendo, sob pretexto de não ingerência nos assuntos internos da Venezuela, Lula deu razão a seus críticos, que viam na aprovação da CPMF a fonte de financiamento de re-reeleição do presidente. Ao perceber o erro, tarde demais, Lula se pronunciou, já sem ser acreditado, desautorizando as iniciativas continuístas de seus subalternos.

A pesquisa Datafolha, publicada no dia do referendo na Venezuela em que Chávez saiu derrotado, revelando que 65% dos brasileiros reprovam a reeleição de qualquer presidente para além de um segundo mandato, também contribui para a virada do vento que embalava Lula desde sua reeleição. O clima de iminência de guerra civil que se instala na Bolívia com a beligerância permanente de Evo Moralez, que aprovou sua possibilidade de reeleição eterna, também concorre para o sentimento democrático de prevenção contra a voracidade descontrolada de Lula e dos petistas por mais e mais poder e dinheiro.

No dia 21 de novembro passado, publiquei aqui artigo no qual expliquei a precipitação de Lula ao atropelar a votação da CPMF com o debate da nova reeleição como possível prevenção diante das incertezas que a crise do mercado imobiliário norte-americano causa sobre o mercado financeiro internacional, prenunciando o desaquecimento, ou talvez a reversão da onda crescimento que vem marcando a economia mundial no último período. Lula precisa de popularidade para pressionar o Congresso a mudar a Constituição em seu favor, ou para vencer um eventual plebiscito que aprove sua permanência no poder. A pesquisa Datafolha, mostrando que os brasileiros rejeitam nova reeleição de Lula mesmo aprovando seu governo, foi um recado claro e com alvo certeiro nas ambições desmesuradas de poder do petismo.

Daqui para frente, o que deve preocupar quem presa a democracia e o esforço despendido para a conquista da estabilidade monetária e do equilíbrio fiscal, é o descontrole emocional de Lula. Tal como criança educada sem limites, contrariado, Lula não hesita ameaçar quem discorda da sua vontade monárquica. No debate sobre a CPMF, todos os ministros que falaram à opinião pública recorreram à chantagem contra a oposição, ameaçando responsabilizar os adversários do imposto pelos cortes nos gastos sociais.

A ética da responsabilidade e o compromisso com a estabilidade monetária e o equilíbrio fiscal exigem que Lula pare de dar péssimo exemplo com o comportamento perdulário com o cartão de crédito corporativo da Presidência da República. E também, que pare com a contratação desenfreada de militantes a serviço de suas pretensões a um terceiro mandato. Contrariando a lógica que manda cortar o supérfluo e o desnecessário, Lula ameaça cortes nos gastos sociais, de fato, ameaça o povo que mais precisa dos serviços públicos essenciais, não a oposição. Ao mesmo tempo, seu ministro da Fazenda ameaça reduzir o superávit primário para 0,5%, beirando perigosamente o déficit inflacionário e jogando tensão no mercado financeiro, na tentativa desesperada de renovar a aprovação da CPMF.

Como Lula quer ser lembrado após entregar - democraticamente, espera-se - o cargo ao sucessor?

Como estadista ou como sindicalista?

Editor do site www.professsorpaulomoura.com.br

Do Blog Diego CasaGrande

KÁTIA ABREU: NATAL DO IMPOSTO NO SENADO

Para sensibilizar mais senadores a votar contra a CPMF e, assim, reduzir a pesada carga tributária imposta ao povo brasileiro, a senadora Kátia Abreu montou uma árvore de Natal diferente no Senado.

No lugar de bolas e pisca-pisca, ela pendurou na árvore etiquetas simbolizando os presentes mais comuns nesta época do ano e o valor do imposto que incide sobre cada um deles.

Em um perfume de R$ 60 o consumidor paga R$ 47 (79,6%) de impostos; em uma calça jeans do mesmo valor paga R$ 21 (31%); numa geladeira de R$ 900 recolhe R$ 600 (66%) em tributos. Se você comprar um brinquedo eletrônico para seu filho pagará 73% do valor do brinquedo para o governo. Se o brinquedo não for eletrônico, a carga de impostos será de 35%.

Isso significa que se o brinquedo custa R$ 20 você pagará R$ 6,50 de imposto. Você quer dar um livro de amigo oculto? Prepare-se: vai pagar 16,7% de tributos. Se optar por um aparelho celular vai entregar 41% ao governo. Em um sapato? Pagará 37% de imposto.

"Não há quem não fique surpreso com o peso dos tributos nos produtos que consome”, diz a senadora. "A carga tributária brasileira é imoral”, completa.

No preço de um carro Palio, por exemplo, estão embutidos 40% de impostos. Isso sem contar a gasolina, com 53% de tributos sobre o seu preço final. Kátia Abreu serviu panetone aos senadores, jornalistas e assessores que passaram pelo cafezinho do Senado onde a árvore foi montada.

E aproveitou para mostrar que uma fatia correspondente a mais de um terço (35,83%) de um panetone corresponde aos impostos, ou seja, é cobrada do consumidor mas fica com o governo.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Chávez chama Lula de "xeque do Amazonas".

Em brincadeira, Chávez chama Lula de "xeque do Amazonas"

da Folha Online
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou neste domingo (9) que Luiz Inácio Lula da Silva "tem muito dinheiro" e é "o xeque do Amazonas", se referindo à descoberta de reservas petrolíferas "gigantescas".

Os comentários, em tom de brincadeira, foram feitos durante a assinatura da ata de fundação do Banco do Sul, em Buenos Aires.

Em seu discurso, o governante venezuelano ressaltou os bilhões de dólares que os bancos centrais dos países sul-americanos têm e que em sua opinião deveriam ser voltados para a nova entidade regional.

Após calcular que as reservas monetárias do Brasil chegam a cerca de US$ 200 bilhões, brincou que Lula "tem muito dinheiro", o que o presidente brasileiro respondeu com um sorriso.

Chávez destacou que o Brasil "acaba de encontrar reservas petrolíferas gigantescas" graças à Petrobras, que "investiu muito" na busca por novas jazidas de hidrocarbonetos.

Lula "é o xeque do Amazonas", assinalou Chávez, antes de lamentar que o afundamento "de uma plataforma" de prospecção no mar fez com que a Petrobras sofresse "um atraso de 10 anos" na busca por novas jazidas.

Integração energética

O presidente da Venezuela, que tem as maiores reservas de hidrocarbonetos da América do Sul, defendeu ainda a "integração energética" da região.

Chávez concordou com o presidente do Equador, Rafael Correa, que é preciso repatriar "o dinheiro que é dos povos" sul-americanos, em referência aos fundos públicos colocados "nos bancos do norte".

O Banco do Sul "era impensável há dez anos" e "faz parte do conjunto de idéias de independência" que a região "tinha há 200 anos", afirmou.

A opinião também foi compartilhada por Lula, o qual afirmou que a criação do Banco do Sul é "decisiva" para a integração da América do Sul e para a maior "independência" financeira da região.

Internacional

Impulsionado em 2006 por Venezuela e Argentina, este será o "primeiro banco internacional controlado por países do continente", ressaltou o presidente brasileiro.

Lula alertou que o sucesso do banco dependerá da sua administração. Para o presidente Lula a relação entre o Brasil e a Argentina, atualmente é a melhor possível e relação do país com a América do Sul está num de seus melhores momentos.

Na assinatura da ata de fundação do Banco do Sul também participaram o presidente argentino Néstor Kirchner e sua mulher, a presidente eleita Cristina Kirchner, junto aos chefes de Estado Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Rafael Correa (Equador) e Nicanor Duarte (Paraguai).

Os seis países representados mais o Uruguai integrarão esta entidade financeira que tem busca se tornar em uma alternativa ao FMI e ao Banco Mundial para o financiamento regional e tem o objetivo de fomentar o desenvolvimento e a integração.

O presidente uruguaio Tabaré Vazquez assinará o documento do Banco do Sul nesta segunda-feira (10).

Com Efe e France Presse

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

O “Não” a Lula e o “Não” a Chávez


03 de December de 2007

Por Reinaldo Azevedo (*)

Não fosse o meu Coringão na segunda divisão — e ainda com a perversidade dos “três” pênaltis a favor do Goiás —, e o fim de semana teria sido glorioso. “Mais fortes são os poderes do povo”, não é?, conforme publiquei aqui ontem, repetindo o Corisco de Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha. Primeiro foi Lula no Brasil. Em seguida, Hugo Chávez na Venezuela. A ambos o povo disse “Não”. Os eleitores brasileiros rejeitam as tentações chavistas. Os da Venezuela já começam a rejeitar o próprio Chávez. Mantenho a minha previsão sobre o tiranete: terminará seus dias pendurado pelos pés em praça pública, esvaindo-se como um porco fedorento. Repetirá Mussolini, Ceausescu...

Publiquei alguns posts na madrugada sobre a derrota de Chávez, vejam lá. Voltarei ainda ao tema neste texto, mais abaixo. Quero falar um pouco é do “Não” a Lula. Acabaram-se as ilusões continuístas, embora permaneçam, claro, as tentações. A América Latina está assistindo a uma safra de aproveitadores do regime democrático, que recorrem a suas licenças para golpeá-la.

Os tocadores de tuba e bandolim do lulo-petismo, em seu incansável trabalho de soprar e dedilhar, acreditam que o resultado da pesquisa Datafolha é um recado, imaginem só, às oposições, que agora não teriam mais a facilidade de carimbar em Lula a tentação chavista, o que as obrigaria a encontrar outro discurso. Bem, trata-se de uma mentira factual somada a uma extravagância teórica. A mentira é conhecida: os movimentos em favor da mudança da lei para permitir o terceiro mandato nasceram no petismo, em consonância com o discurso do Apedeuta, que sempre estimulou o queremismo. A extravagância se deve ao fato, revelado na pesquisa, mas que já era conhecido, de que quem tem, hoje, o candidato viável a suceder Lula é justamente um partido de oposição.

Mais ainda: a única legenda a fazer o que poderia ser considerada uma oposição cerrada e sistemática ao governo Lula é o DEM. Também é o partido que parte mais para o necessário confronto ideológico com o PT e com o Planalto. Ora, é assim em todas as democracias. Sempre há a oposição mais dura, menos afeita à conversa e à negociação. Para que o DEM pudesse ser o correlato de certos grupos radicais venezuelanos, seria preciso que estivesse propondo depor Lula pelas armas. Não está. Faz oposição parlamentar e legal. No caso do PSDB, vocês sabem bem, o que se tem é negociação — afinal, a perspectiva de poder é muito clara.

Não, não! Quem queria o terceiro mandato era o PT, era Lula, que permitiu, cinicamente, que o debate prosperasse. A melhor síntese do processo coube ontem a José Dirceu. Segundo o valente, o presidente e o partido até poderiam optar pela possibilidade do terceiro mandato se quisessem, mas preferiram outro caminho — porque, certamente, são muito generosos... Conversa mole. O povo não quer. Lula não é Chávez porque não pode. Bem que gostaria.

Ademais, fico sempre muito comovido quando exibem esse formalismo de democracia ginasiana para provar as convicções democráticas do PT. Sem essa, valentes!!! No que me diz respeito, a “luta” não termina com a eventual substituição de Lula por um nome da atual oposição — seja Serra ou qualquer outro. Caso isso aconteça, é aí que começa a parte boa da briga. Será preciso despetizar o Brasil, o estado, as estatais, os fundos de pensão, a justiça, o Ministério Público, as ONGs... Será preciso fechar a TV Pública. A luta contra os males do estatismo e do pobrismo tem de ser permanente. Como o sucessor de Lula, mesmo de oposição e seja quem for, tenderá a acomodar com o quadro que vai herdar, o confronto continua. É uma maratona, não uma corrida de 100 metros.

O Folha de S. Paulo só gastou dinheiro encomendando uma pesquisa ao Datafolha porque não deu ouvidos aos tocadores de tuba e bandolim. Eles estavam tão certos de que Lula não queria o terceiro mandato, que certamente dispensariam a pesquisa. Ainda bem que há gente mais sábia. Eis aí. Os números do Datafolha se convertem num fato político. Os brasileiros disseram “não” a Lula.

Chávez

O Jurassic Park da América Latina deve estar inconsolável, inclusive os dinossauros que habitam o Palácio do Planalto. Não se esqueçam de que Lula era o mais importante fiador da “democracia venezuelana”. Não se esqueçam de que Lulovsky Apedeutakoba chegou a dizer que não via mal nenhum na reeleição ilimitada de Chávez, já que, nos países parlamentaristas da Europa, primeiros-ministros renovavam constantemente seu mandato. Não se esqueçam de que, obviamente, estava falando de si mesmo. O desfecho, de certo modo, envergonha mais o governo brasileiro do que o da Venezuela.

É claro que o resultado naquele país não significa que a democracia voltou à sua plenitude. Nada disso. O que se tem lá é uma ditadura, onde alguns mecanismos democráticos ainda exibem sinais vitais. A própria realização do referendo dá uma idéia da situação surrealista vivida. Onde já se viu um país opinar se quer ou não uma tirania? Uma democracia não pode ser “democrática” a ponto de votar a sua própria extinção. Isso é chicana, não é referendo. Compreendo, assim, o impulso inicial de correntes que pregavam o boicote ao pleito. Compreendo, mas era um erro, como a gente pode constatar agora.

O que vem depois? Ninguém sabe. A presidência é ocupada por um bufão paranóide. O Legislativo e o Judiciário estão corroídos pelos “socialistas bolivarianos”. Chávez organiza milícias para perseguir opositores — a bala, como sabemos. Em sua mímica estúpida de luta de classes, incentiva suas hordas a avançar contra o país que produz — aliás, cada vez menos. Não fosse o preço do barril do petróleo (a exemplo de Lula, sorte ele tem), aquele destino que antevejo pra ele já se teria cumprido. Uma queda no preço do óleo jogaria o país numa crise inédita, já que o tiranete golpeou gravemente a indústria e a agricultura. O crescimento do país decorre unicamente da indústria petroleira.

Chávez aceitará o resultado das urnas e ponto final? Não. E não vai desistir, conforme anunciou nesta madrugada (ver abaixo) das suas “reformas”. Mas reitero: surge um fio de esperança na Venezuela. As oposições estão, agora, com um ativo nas mãos como nunca tiveram, desde que o coronel golpista chegou ao poder.

A democracia não se esgota na vitória da maioria. Ela supõe a observância das regras do jogo e o respeito às minorias. Os novos tiranetes da América Latina ainda não entenderam esse princípio. No Brasil, o PT faz de tudo para fraudá-lo. O fato auspicioso é que venezuelanos e brasileiros disseram “Não”.

(*) Fonte:http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/2007/12/o-no-lula-e-o-no-chvez.html

REFERENDO NA VENEZUELA

Venezuela vive expectativa sobre
futuro do socialismo de Chávez

Por Fabián Andrés Cambero
Reuters
Em Caracas (Venezuela)








Chávez: "por enquanto, não conseguimos" Integrantes da oposição festejam resultado

A Venezuela acordou na segunda-feira perguntando-se sobre quais serão os próximos passos do presidente Hugo Chávez após sua histórica derrota no referendo por meio do qual pretendia reformar a Constituição, a fim de ampliar seus poderes e aprofundar o socialismo no país.

Após uma intensa campanha eleitoral, o presidente admitiu sua derrota nas primeiras horas da madrugada de segunda-feira, mas disse que a proposta de transformação está "viva" e que lançará mão dos mecanismos constantes das leis atuais para continuar implantando mudanças.

"Não se conseguiu fazer isso agora. Mas mantenho a proposta, a mais avançada do planeta e que busca alcançar a máxima inclusão social, princípio fundamental de nosso sistema", declarou Chávez em um discurso proferido após reconhecer a vitória da oposição.

Os adversários do polêmico plano de reforma constitucional foram às ruas de Caracas para tocar buzina e estourar fogos de artifício devido à vitória do "não" no referendo, que representa a primeira derrota eleitoral do presidente em seus nove anos de governo.

Entre as alterações constitucionais incluíam-se a possibilidade de Chávez concorrer indefinidamente à reeleição e a concessão de poderes extraordinários para restringir a liberdade de expressão durante os estados de exceção, propostas às quais se opunham até mesmo alguns membros do governo.

Analistas acreditam que Chávez pode adotar, via decretos, parte de sua proposta de reforma da Carta Magna, especialmente os pontos menos polêmicos, como a ampliação da seguridade social aos setores informais da economia.

Nas primeiras horas de segunda-feira, as ruas de Caracas encontravam-se menos movimentadas que o usual. Também porque as atividades escolares haviam sido suspensas.

O diretor do instituto de pesquisa Datanálisis, Luis Vicente León, prevê que o presidente adotará por meio de decretos parte do pacote de medidas a fim de seguir com suas reformas socializantes e rebater a tese da oposição de que estaria tentando apenas perpetuar-se no poder.

Mas a oposição interpretou o resultado como uma prova de que os venezuelanos rechaçam o socialismo e mostrou-se confiante sobre a possibilidade de se abrir um diálogo com o governo.

"Estamos em um processo de reconfiguração da oposição. A grande força de Chávez baseou-se até agora na fraqueza de seus adversários. Os adversários, no entanto, começaram a superar suas fraquezas", afirmou a jornalistas o conhecido político esquerdista Teodoro Petkoff.

A reforma rejeitada

O referendo foi votado em duas partes: o bloco A continha 46 artigos, dos quais 33 foram propostos por Chávez e 13 pelos parlamentares. Entre as propostas do primeiro bloco estavam a reeleição imediata do presidente sem limites de candidaturas, a redução da jornada de trabalho de 40 para 36 horas semanais, o fim da autonomia do Banco Central e a reestruturação do território venezuelano, entre outras.

No Bloco B, estavam os 23 artigos restantes propostos pelos parlamentares, entre eles o polêmico 337, que limita o acesso à informação nos casos de estados de exceção, e o que previa a autonomia universitária.

PRINCIPAIS PROPOSTAS REJEITADAS NO REFERENDO

- o presidente passa a ser eleito indefinidamente;

- com maioria simples na Assembléia Nacional, o presidente pode nomear e destituir governantes de cidades e províncias;

- o presidente passa a nomear o governador de Caracas, que passa a se chamar "Berço de Bolívar, o Libertador, e Rainha de Warairarepano;

- redefinição das formas de propriedade: pública (do Estado); social (do povo, mas controlada pelo Estado); privada (pode ser confiscada se afetar o interesse da sociedade); coletiva (de grupos sociais, sob controle do Estado); e mista (privada e estatal, controlada pelo Estado);

- a destituição dos juízes do Tribunal Supremo de Justiça passa a ser feita com maioria simples;

- atribuição de poder de polícia às Forças Armadas e criação de uma quinta força;

- fim da autonomia do Banco Central

Fonte

Chávez sofre derrota em referendo; EUA comemoram resultado

da Folha Online

O subsecretário de Estado americano, Nicholas Burns, qualificou de "positivo" o resultado do referendo sobre a proposta de reforma da Constituição de 1999 na Venezuela, no qual o presidente Hugo Chávez sofreu sua primeira derrota eleitoral em nove anos.

Burns, que realiza uma visita oficial a Cingapura, disse em entrevista ao canal de TV News Asia que a notícia [da derrota de Chávez] é "positiva" e "uma vitória para os cidadãos da Venezuela".

"Nós [os EUA] sentíamos que, por meio deste referendo, Chávez seria feito presidente eternamente, e isso não é bem-visto por nós", disse Burns na entrevista.

"Em um país que quer ser democrático, o povo se expressou, e escolheu a democracia".

Autoridades americanas já demonstraram, em diversas ocasiões, sua oposição à política de Chávez na Venezuela, a quem acusam de ser uma ameaça para a estabilidade da região.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou nesta segunda-feira a vitória do "Não". Com 97% das urnas apuradas, 50,7% dos votantes --o equivalente a 4.504.354 milhões-- optaram pelo "Não", contra 49, 29% -- 4.379.392-- que escolheram o "Sim".

O resultado oficial contrariou as previsões das pesquisas de boca-de-urna, que mostravam uma vitória apertada do "Sim".

Após a derrota, Chávez atribuiu o resultado negativo à abstenção de 44,11% registrada. Dos 16 milhões de eleitores, apenas cerca de 8.800 milhões foram às urnas depositar seus votos.

"Eu compreendo e aceito que a proposta que fiz foi profunda e intensa", afirmou Chávez, ao comentar a vitória da rejeição à reforma da Constituição de 1999.

"Parabenizo os meus adversários por esta vitória. Com o coração digo a vocês que por horas estive em um dilema. Saí do dilema e já estou tranqüilo, espero que o venezuelanos também".
No palácio presidencial, ele afirmou ainda à imprensa que o resultado do referendo mostra que a democracia venezuelana "está amadurecendo", e prova que ele é um "democrata".

"Deste momento em diante, vamos manter a calma", afirmou Chávez, pedindo que não haja violência nas ruas entre partidários e opositores. "Não há ditadura aqui", acrescentou.

Oposição

Opositores à reforma --entre eles bispos católicos, grupos de defesa da liberdade de imprensa, defensores de direitos civis e empresários-- afirmam que, se fosse aceita, a proposta daria poder ilimitado a Chávez, e feriria os direitos básicos dos cidadãos.

Oposicionistas comemoraram o resultado, anunciado pouco depois da 0h (2h de Brasília).

"Esta disputa era entre a democracia e o socialismo totalitário, e a democracia venceu", afirmou o líder oposicionista Leopoldo Lopez em Caracas.

"Ao menos agora nós sabemos que Chávez deixará o poder", disse a estudante Valeria Aguirre, 22, que enfrentou bombas de gás lacrimogêneo durante manifestações.

A votação ocorreu em meio a um clima de calma, mas 45 pessoas foram detidas por crimes eleitorais, como a destruição de urnas e outros materiais, segundo o general Jesus Gonzalez, chefe militar que coordenou a segurança da votação.

Proposta

A proposta rejeitada criaria novos tipos de propriedades comunitárias, permitiria que Chávez escolhesse líderes locais para realizar um novo desenho do mapa político, e suspendesse os direitos civis durante prolongados estados de emergência.

Sem a reforma, ele não poderá concorrer à reeleição em 2012.

Outras mudanças seriam a diminuição da carga horária de trabalho de 8 para 6 horas diárias, a criação de um fundo de segurança social para os milhões de trabalhadores informais, e de conselhos regionais para que se decidisse como empregar os fundos do governo.

"É difícil aceitar isso, mas Chávez não nos abandonou, ele ainda estará lá por nós", disse a vendedora de rua Nelly Hernandez, 37, aos prantos após o anúncio do resultado.

"Ele é um homem que luta pelo povo, um homem que sofreu, que veio de baixo", afirmou o carpinteiro Carlos Orlando Vega, 47, ao sair de um centro de votação em Caracas.

Vega está entre as dezenas de milhares de venezuelanos que receberam casas providenciadas pelo governo de Chávez.

Chávez diz que segue disposto a ajudar em troca humanitária com as Farc

Caracas, 3 dez (EFE).- O presidente venezuelano, Hugo Chávez, indicou hoje que segue disposto a ajudar em uma troca humanitária de seqüestrados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) com insurgentes presos na Colômbia, como passo prévio a um acordo de paz definitivo.

A oferta foi feita pelo presidente em um ato no Palácio de Miraflores, sede do Governo, no qual reconheceu a vitória da oposição no referendo sobre a reforma constitucional realizada neste domingo.

"Ratifico a toda Colômbia que sigo, modestamente, à disposição, apesar de tudo. Não vou deixar de me empenhar para ajudar na troca humanitária e tomara, mais adiante, na desejada paz entre os irmãos colombianos", disse Chávez.

O presidente venezuelano estendeu essa ratificação à senadora colombiana Piedad Córdoba e a Yolanda e Astrid, mãe e irmã, respectivamente, da ex-candidata presidencial colombiana Ingrid Betancourt, que estavam presentes no ato.

Betancourt está nas mãos das Farc.

Chávez atuou, com o sinal verde do Governo colombiano, como mediador em uma tentativa de troca humanitária interrompida por decisão de Bogotá.

domingo, 2 de dezembro de 2007

COM CPMF, FARRA DOS GASTOS VAI PROSSEGUIR


02.12, 11h12
por Paulo Moura, cientista político

Dentre os muitos artifícios que o Palácio do Planalto está utilizando para pressionar o Congresso a aprovar a renovação da CPMF até 2011 está o argumento de que o governo só conseguirá fazer a Reforma Tributária se tiver fôlego de caixa para transitar para o novo sistema arrecadatório. Há quem acredite.

Para aceitar-se o argumento palaciano, em primeiro lugar seria preciso admitir que esse governo estivesse disposto a fazer a Reforma Tributária que o país precisa. O passado desse governo e do governo tucano que o antecedeu, atesta que nem o governo, nem a oposição, nem a maioria dos políticos, e muito menos os sonegadores, pretendem, sinceramente, mudar o manicômio tributário brasileiro.

Por Reforma Tributária necessária, entende-se uma mudança na legislação que regula o sistema brasileiro de impostos visando reduzir o número de tributos, simplificar o sistema, torná-lo mais transparente e mais democrático do ponto de vista da distribuição do dinheiro público arrecadado entre os entes federados priorizando prefeituras e os governos estaduais em detrimento da União, já que aí se executam os serviços públicos, que os cidadãos mais necessitam. Outro benefício estratégico residiria no deslocamento dos fatos geradores de tributos, da produção para o consumo, muitas vezes encarecida pela incidência sobreposta de impostos em todas as etapas intermediárias entre a fabricação e o consumo.

Dentre os objetivos de uma mudança dessa natureza, estariam: a melhoria da qualidade do gasto público, a redução do custo do Estado para a sociedade, a limitação da ação dos governos ao que lhe cabe e não pode ser feito pela iniciativa privada e a inversão da relação de poder hoje existente entre a União e os demais entes federados e entre o Poder Executivo e os demais poderes de Estado.

No entanto, não há sinais de viabilidade dessa mudança no curto prazo no Brasil. Toda a vez que a Reforma Tributária é trazida à pauta da mídia, ou se trata de um subterfúgio para o governo ou a oposição mudarem o foco da agenda em debate, ou há uma deliberada intenção de aumentar a carga de impostos. Esse tem sido o único consenso possível no meio político, em torno de alguma alteração na legislação tributária.

A única explicação plausível para as dificuldades que o governo enfrenta no Senado para aprovar a prorrogação da CPMF, já que preço do voto dos parlamentares não é problema para quem está em vias de faturar mais de R$ 40 bilhões por ano até 2011, parece ser a disputa pelo trono presidencial em 2010. Assim, chega a ser surpreendente o festival de ziguezagues dos tucanos em busca de um pretexto para ajudar a financiar a re-reeleição de seu principal adversário.

Se aprovar a renovação da CPMF, aí mesmo é que o governo não fará Reforma Tributária. E, conforme o próprio presidente Lula admite, se a emenda da CPMF for rejeitada o governo vai aumentar outros impostos para compensar a perda de receitas, já que, como ele mesmo admitiu recentemente, "não é possível governar sem aumentar gastos".

Como se vê, a cultura da irresponsabilidade fiscal está de volta com toda a força. A única novidade é que os políticos latino-americanos de hoje não podem mais gerar déficits e endividamento descontrolados e transferidos a seus sucessores, sob pena de contrariar o nervoso mercado financeiro global, cujos "investimentos" ou "não-investimentos" no mercado político têm o poder de viabilizar ou inviabilizar quaisquer governos.

A iminente aprovação da emenda que concede licença gestante por seis meses, embora socialmente justificável, é mais um sinal de que a classe política brasileira não aprendeu com as conseqüências do populismo que marcou a concessão irresponsável de benefícios sociais sem fonte de receita na Constituinte de 1988. Há, aqui, outro repasse do custo dessa medida ao bolso do contribuinte.

Ao definir que o pagamento dessa licença será feito pelo sistema previdenciário deficitário nos primeiros quatro meses, e pelas empresas nos dois meses seguintes, nossos ilustres parlamentares estarão aumentando o déficit da Previdência e o preço dos produtos que as empresas botam no mercado. Ainda que abatendo esse custo de seu IRPJ, a tendência é de as empresas majorarem preços para arcar com sua parte do pagamento imediato das colaboradoras gestantes, já que o abatimento da despesa no imposto de renda só acontecerá no exercício fiscal seguinte. Finalmente, deputados e senadores geram mais um gasto público que o governo cobre com recursos do mesmo caixa de onde tira o dinheiro para pagar o salário dos milhares de militantes que está contratando desde que foi eleito.

O povo ignorante apóia a medida anunciada, mas não faz a menor idéia de quem paga essa conta. Curiosamente, o mesmo contribuinte que responde a pesquisa com um SIM, quando inquirido se apóia a nova lei, responde, no questionário da mesma enquete, que acha que paga muitos impostos e que o governo gasta mal.

A classe política brasileira segue agindo como representação de seus próprios interesses como corporação estatista. Com os cofres públicos cheios, esse segmento que se convencionou chamar "classe política" segue se reproduzindo através da intermediação de favores para suas clientelas. Não raras vezes os políticos recorrem a práticas ilegais para obtenção de benefícios privados em troca desses favores, e, mesmo quando se protegem sob as lacunas da lei para esse tipo de prática, fazem-no de forma absolutamente obscura e imoral.

Sob essas circunstâncias, não há como modificar essa cultura, contando com iniciativas construídas a partir de dentro do sistema político. Ou a sociedade, que arca com os altos custos dessa hipocrisia, reage, pressiona, cobra e impõe a mudança, ou ela não virá.

Parte da explicação para a passividade dos brasileiros diante dos sucessivos assaltos que os políticos praticam contra o bolso de quem produz e trabalha nesse país, está na desinformação e na falta de transparência do sistema de tributos, um verdadeiro manicômio tributário no emaranhado da legislação vigente. O labirinto de leis serve aos interesses vorazes de todos os políticos, dos fiscais da fazenda pública, remunerados proporcionalmente aos aumentos de arrecadação, aos escritórios de "engenharia tributária" que lucram com clientes que podem pagá-los e burlar a lei usando a própria lei como instrumento. E, é claro, aos corruptos.

A Saúde faliu, o governo inventa a CPMF e não aplica os recursos na Saúde. E nada acontece. A infra-estrutura de transporte está sucateada, o governo cria a CIDE e não aplica o dinheiro na infra-estrutura de transporte. E nada acontece. Políticos corruptos, agentes corruptores e sonegadores, em número cada vez maior, seguem impunes. E o cidadão que trabalha e respeita a Lei é cada vez mais extorquido.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Domingo de Golpe, aqui e na Venezuela


No próximo domingo, o PT, além de realizar eleições internas, também lança uma campanha por um plebiscito para uma constituinte exclusiva, com a seguinte questão: “O sr (a) aprova a convocação de uma assembléia constituinte soberana e específica para promover uma reforma constitucional no Título IV da Constituição Federal que redefina o sistema político-eleitoral?”. Veja aqui o projeto e o formulário para coleta de 1,3 milhão de assinaturas.

No próximo domingo, Hugo Chavez tenta aprovar, em referendo, a mudança de 63 artigos da constituição, uma mudança que, se aprovada, mergulha a Venezuela numa ditadura socialista.

Tanto lá como aqui, em maior ou menor grau, aparelham o estado, tentam dominar os meios de comunicação, veneram a figura de um hiperpresidente, ameaçam e agridem a democracia. Lá querem transformar Chavez no futuro Fidel Castro. Aqui querem o terceiro mandato de Lula, para começar.

Coturno Noturno

FORA LULA! FORA COMUNO-PETISTAS!

“Toda propriedade privada deve ser eliminada, não toda de uma vez, mas através do imposto de renda progressivo – Karl Marx (Criador de táticas comunistas)”

Os comunistas (Comuno-Petistas), vão sangrá-lo até você perder tudo.

Seguro obrigatório será rejustado em 11% em 2007
Aumento médio de 30% do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)
Aumento de impostos provoca a demissão de 100 mil trabalhadores em todo o país
Em apenas 2 anos de governo LULA, já aumentou os impostos das empresas prestadoras de serviço em 53,16%
Aumentos e novos impostos são assalto aos trabalhadores
IPTU aumentou mais de 20%
O governo Lula sugere a criação do Imposto sobre Vendas a Varejo

Entendeu?

FORA LULA! FORA COMUNO-PETISTAS!

As desventuras de Evo e Hugo

O novo modelo democrático de solução de divergências
na assembleia constituinte boliviana: Pancadaria !
Estadao.com.br

O presidente da Bolívia, Evo Morales, e o seu guia e mestre, Hugo Chávez, estão começando a colher tempestades antes de terminar suas semeaduras de ventos. A história dos golpes de Estado e dos regimes autoritários mostra que são os golpistas e ditadores que vão aos Parlamentos, para coagi-los a referendar os seus atos de força ou, simplesmente, para fechar a instituição manu militari. Evo Morales está inaugurando um novo método. Sob o seu talante, os legisladores é que são levados aos quartéis para fazer a sua vontade. Foi o que aconteceu no último fim de semana, quando, por "razões de segurança", ele confinou em um quartel, em Sucre, os membros da Assembléia Constituinte que o apóiam - depois de nove tentativas fracassadas de aprovar o texto geral da Carta, para o que bastava a maioria simples dos votos.

Texto completo

O texto aprovado transpõe para o Altiplano o modelo chavista da reeleição perpétua do Jefe. Na Venezuela, onde não existe oposição parlamentar, o projeto de reforma constitucional foi aprovado em tempo recorde e irá a referendo no próximo domingo. Na Bolívia, o problema de Morales é o vigor da oposição. Eis por que, passados quase 16 meses da instalação da Assembléia, ele continua lutando pela aprovação final, para a qual precisa de 2/3 dos votos. A dificuldade reflete o agravamento das profundas divisões do país, sob o regime autocrático em construção. A oposição ao bolivarianismo se concentra nas regiões mais prósperas do país, como o Departamento de Santa Cruz, e também na área de Chuquiasca, cuja capital é Sucre. Os sucrenhos não se conformam com a recusa de Morales a mudar para ali os Três Poderes. Isso explica em ampla medida os sangrentos distúrbios que se seguiram ao seqüestro da Assembléia.

Dos seus 255 membros, 147 aceitaram deliberar atrás dos muros de um quartel. Dos 147, 136 aprovaram o texto geral da Carta, limitando-se a ler o seu índice. Agora, Morales tem até 14 de dezembro para aprovar a Carta - nessa data se encerra o mandato, já prorrogado, da Assembléia. O procedimento previsto, depois da deliberação sobre o texto geral, é o de votação artigo por artigo, com a exigência de maioria mínima de 2/3 dos sufrágios. Depois, o documento precisa ser referendado pelo eleitorado. A Carta transformaria a Bolívia num "Estado plurinacional", com a outorga de autonomia administrativa a 36 nações indígenas. O desmanche do país está na ordem do dia.

Já o inspirador da onda autocrática que varre as incipientes instituições democráticas da Bolívia, e ameaça seriamente as do Equador, o coronel Hugo Chávez, não tem oposição na Assembléia venezuelana, que aprovou uma constituição liberticida. Seu problema, agora, é convencer a população - que as pesquisas indicam ser majoritariamente contrária à ditadura constitucional - a referendar o texto. Para isso, exerce pressão continuada sobre os meios de comunicação e, depois de prometer "salvar o mundo", apresenta-se como "salvador da pátria"... alheia - no caso a Colômbia. Mas Chávez esquece que, no relacionamento com países soberanos, não pode empregar os mesmos métodos ditatoriais que usa no trato com os venezuelanos.

Ao que parece, não aprendeu nada com a descompostura - por que no te callas - que ouviu do rei Juan Carlos, da Espanha, na Cúpula Ibero-Americana. Assim é que, na missão a que se propôs, de mediador entre o governo colombiano e a narcoguerrilha das Farc, para a libertação de 45 reféns em troca de 500 guerrilheiros presos, Chávez ligou para o comandante do Exército da Colômbia, general Mario Montoya, tentando convencê-lo a abrir uma zona desmilitarizada no país para as negociações - idéia desde sempre repudiada pelo presidente Álvaro Uribe. Diante da grosseira intromissão, só restou a Uribe dispensar os préstimos de Chávez, que gostaria de se entender com as Farc como se estivessem no poder em Bogotá.

Nos dois casos, a reação de Hugo Chávez foi a de uma criança surpreendida em plena traquinagem: fez-se de ofendido e determinou o "congelamento" das relações do governo venezuelano com a Colômbia e a Espanha.

Esperemos que algo semelhante aconteça nas suas relações com o governo brasileiro. É a única hipótese de o presidente Lula deixar de apoiar os rompantes de Chávez.

Quanto custa o Congresso Brasileiro por habitante.

Congresso brasileiro é o que mais pesa
no bolso da população,em comparação
com Parlamentos de onze países

O Congresso brasileiro é o mais caro por habitante, segundo levantamento da Transparência Brasil sobre os Orçamentos do Legislativo federal em 11 outros países. Apenas o Congresso dos Estados Unidos é mais caro que o brasileiro, mas ainda assim pesa menos no bolso de cada cidadão do país.

A pesquisa da Transparência Brasil comparou o orçamento do Congresso brasileiro com os da Alemanha, Argentina, Canadá, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, México e Portugal.

Em 2007, o Brasil destinou para a manutenção do mandato de cada um de seus 594 parlamentares federais quase quatro vezes a média do gasto dos parlamentos europeus e do canadense. Pelos padrões europeus de gasto parlamentar, o orçamento do Congresso brasileiro - equivalente a R$ 11.545,04 por minuto - poderia manter o mandato de 2.556 integrantes.

Se for levado em conta o custo absoluto do Congresso brasileiro por habitante (R$ 32,49), ele seria o terceiro mais caro do mundo, atrás do italiano (R$ 64,46) e do francês (R$ 34,00). O Brasil fica mais caro, porém, se for calculado o peso desse custo no bolso de cada habitante por duas medidas importantes para comparar economias nacionais - o salário mínimo e o PIB per capita. No Brasil, gasta-se dez vezes, em relação ao salário mínimo, o que se gasta na Alemanha ou no Reino Unido. Comparado ao PIB per capita, o gasto nacional é mais de oito vezes maior que o espanhol.

O mandato de cada parlamentar brasileiro custa hoje 2.068 salários mínimos - mais que o dobro do que ocorre no México, segundo colocado entre os países pesquisados, e 37 vezes o gasto proporcional ao salário mínimo registrado na Espanha.

Embora não tenham sido levantados neste estudo os custos diretos do mandato - salário, benefícios, assessores e verbas indenizatórias -, é possível comparar os gastos verificados na Câmara dos Deputados (R$ 101 mil mensais) aos da Câmara dos Comuns britânica (R$ 600 mil por ano). Cada parlamentar brasileiro consome mais do que o dobro de um parlamentar de um país em que a renda per capita e o custo de vida são muito superiores aos do Brasil.

Mesmo se não houvesse Senado - a Casa mais cara do mundo por membro, segundo o levantamento -, o Brasil ainda teria um dos Legislativos mais caros existentes. O Orçamento de um Congresso unicameral seria menor que o do Parlamento italiano, o terceiro da lista.

O levantamento reforça a percepção de que os integrantes das Casas legislativas brasileiras perderam a noção de proporção entre o que fazem e o país em que vivem.

Fonte

Ideal insano

Opinião - Ideal insano

Olavo de Carvalho, filósofo


Em 1996, como eu denunciasse o avanço comunista na América Latina, o diretor da Folha de S. Paulo, Otávio Frias Filho, naquele tom de serenidade olímpica que no Brasil vale como prova de superior entendimento, acusou-me de açoitar cavalos mortos. Não duvido de que sua opinião expressasse o sentimento geral.

Decorridos 11 anos, e estimulado sobretudo pela visibilidade obscena do senhor Hugo Chávez, o reconhecimento do acerto das minhas análises começa a despontar aqui e ali, até mesmo em publicações que um dia me demitiram (não é o caso da Folha) por teimar em falar do assunto então considerado o cúmulo da impertinência.

Não é preciso dizer que a relutância coletiva em admitir os fatos se inclui entre as causas coadjuvantes do crescimento subseqüente dos próprios males cujo surgimento eu assinalava.

Descontadas a cumplicidade consciente, a insensibilidade presunçosa das classes falantes e a lentidão proverbial do processo cognitivo brasileiro (o filósofo Raymond Abellio dizia que aqui as idéias jogadas ao solo não germinam: afundam e só voltam à tona decorridas muitas eras geológicas), várias causas concorreram para essa demora suicida.

A mais decisiva está na própria índole proteiforme do movimento revolucionário, que desaparece e ressurge a cada geração com nova forma e nova identidade, desorientando os que só aprenderam a reconhecê-lo pela sua fachada anterior.

A observação direta do fenômeno e a extensa freqüentação dos melhores estudos já empreendidos a respeito - sobretudo os de Albert Camus, Norman Cohn, Eric Voegelin, Marcel de Corte, Joseph Gabel, James Billington, Thomas Molnar, Luciano Pellicani e outros tantos - acabaram por me persuadir de que a unidade desse movimento não pode ser apreendida no plano dos meros discursos ideológicos e muito menos no das propostas políticas concretas, mas requer a sondagem de uma estrutura de percepção do mundo, a qual subjaz, íntegra e permanente, à variedade desnorteante dos pretextos e das estratégias que se sucedem na periferia mais visível da História.

Como o campo de observação da mídia é precisamente essa periferia, é quase inevitável que os recuos temporários e as trocas de formato da onda revolucionária lhe pareçam extinções definitivas ou transmutações de essência. A própria palavra "comunismo" torna-se enganadora quando a tomamos como nome de um sistema econômico definido e não do puro movimento que a ele conduz, ou promete conduzir, bem como dos submovimentos a que dá origem, alguns aparentemente antagônicos ao comunismo enquanto fórmula ideológica explícita.

A estrutura subjacente a que me refiro - nascida entre as heresias cristãs do início da era moderna - consiste num profundo distúrbio na percepção do tempo histórico, ilusoriamente tomado pela mente revolucionária como cenário possível de uma mutação apocalíptica que, na concepção bíblica originária, transcende toda temporalidade e não pode nem mesmo ser pensada como capítulo da História. Paródia mundana do Juízo Final, o ideal revolucionário falseia na base a experiência humana e por isso mesmo é tão prolífico em engendrar substitutivos alucinógenos capazes de ludibriar não só seus militantes e simpatizantes, mas também seus adversários e, principalmente, suas vítimas.

Apreender a unidade profunda do movimento revolucionário ao longo dos tempos é a condição prévia para impedir, se possível, que mais algumas centenas de milhões de cadáveres inocentes venham a se somar, nas décadas vindouras, àquelas que no século passado celebraram as glórias macabras de um ideal insano.

Tudo é história

Lula, sim, é que fazia oposição leal.
Um estudo de caso

Lula, como vocês viram, fez ontem um ataque tão covarde quanto calculado ao DEM, tentando isolá-lo na oposição, criminalizando a ação do partido, como se ele atuasse contra o Brasil e de braços dados com os sonegadores. Imaginem só: o representante máximo do partido que adora lidar com malas de dinheiro vivo, quando não o esconde na cueca, posou de sacerdote do fisco. De fato, o homem conta com a memória curta do brasileiro e do jornalismo. Poupou o PSDB — aquela altura, os governadores tucanos já tinham iniciado a nova rodada de pressão junto aos senadores para aprovar a contribuição. Agem debaixo de chicote. Ou tentam aprovar a CPMF, ou Lula lhes promete pão e água. Em vez de eles darem uma resposta política ao presidente, preferem se alinhar com ele. Quem cria corvos acaba com o olho furado.

Ah, os tocadores de tuba! Ah, os que descobriram agora as virtudes da moderação! Leiam isto: “O presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que não tinha divergências com o presidente do PDT, Leonel Brizola, sobre a necessidade de o presidente Fernando Henrique Cardoso renunciar. Apenas não acreditava nessa possibilidade. ‘Só tenho uma discordância com Brizola. Renúncia é um gesto de grandeza. Só um grande homem tem essa grandeza. Fernando Henrique não tem. Ele é orgulhoso e prepotente’, afirmou. Horas antes, no Congresso, Lula pediu a saída de Fernando Henrique do cargo: ‘Se Fernando Henrique avaliasse as pesquisas como negação à sua política e tivesse bom senso, quem sabe chegasse à conclusão de que sair é melhor. Mas se quer continuar levando o Brasil deste jeito...’”

Viram só? É um trecho de uma reportagem de O Globo, de Mônica Gugliano (íntegra aqui, no site do Senado). O PT e a CUT organizaram a chamada Marcha os Cem Mil em Brasília. A central anunicou a presença de 130 mil. Segundo os cálculos da PM, o protesto juntou 40 mil pessoas. Os petistas agiram como de costume. Ônibus pagos pela CUT e pelos tais “movimentos sociais” juntaram os profissionais da baderna.

Lula ataca agora a oposição feita pelo DEM. Ele, sim, sabia ser propositivo e elegante. Ainda um trecho da reportagem: "No discurso, Lula, dizendo estar emocionado, assinalou: ‘Estou duplamente gratificado, porque conseguimos dizer a Fernando Henrique e a sua corja que nunca mais ousem duvidar da capacidade de organização da sociedade brasileira. As pessoas não estão aqui por causa de um lanche de brinde, mas para recuperar a auto-estima e a dignidade’. Lula reiterou que a marcha era apenas o começo, porque os protestos, a partir de agora, só vão aumentar e, cada vez, disse, serão maiores: ‘Como diz a torcida do Corinthians, vamos arrasar. Porque Fernando Henrique, se a corda apertar, viaja para Paris. Nós ficamos aqui comendo o pão que o diabo amassou. Esta pátria é nossa’.”

Eis aí. Lula não enfrentou uma oposição como a que ele fez a FHC nem quando ficou provado que seu governo tinha sido assaltado pela cleptocracia. Que se note: o atual ministro da Justiça, Tarso Genro, havia pedido a renúncia de FHC oito meses antes, num artigo publico na Folha no dia 19 de janeiro de 1999, no 19º dia do segundo mandato de FHC. E onde estavam os atuais tocadores de tuba do petismo para acusar o golpismo de Lula?

Vamos ler um pouco mais sobre os patriotas? Que tal isto: “O presidente do PT, José Dirceu, seguiu essa linha. Disse, primeiro, que Fernando Henrique tentara intimidá-los afirmando que a manifestação era golpista. Em seguida, arrematou: ‘O grito do Brasil é de que ou Fernando Henrique muda de modelo econômico ou o Brasil vai mudar de governo.’ O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vicente Paulo da Silva, disse que o Governo é que levara um golpe porque afirmara que a manifestação seria pequena. ‘Viemos de bicicleta, a pé, de ônibus e até de jumento, o Governo é que levou esse golpe. (...) Golpe mesmo é a CPMF’”

Está faltando um patriota nessa matéria: João Pedro Stedile. Vamos a ele: “Pedro Stédile disse que condiciona a permanência de Fernando Henrique à aplicação imediata de um programa econômico de emergência com quatro pontos: rompimento com o FMI, moratória da dívida interna, confisco de R$ 7 bilhões que teriam sido especulados pelos bancos na mudança da política cambial e suspensão do envio de dólares ao exterior. ‘Se Fernando Henrique não atender ficará isolado politicamente. A situação só vai piorar ‘, disse Stédile."

É isso aí. Eis a moral do presidente da República que agora resolve demonizar a oposição. Esse foi o comportamento de Lula ao longo de oito anos de governo FHC. E não se enganem: Lula voltará a ser isso aí caso se eleja um presidente de oposição — a menos que o eleito decida condescender com todas as falcatruas petistas e mantenha intocado o aparelhamento do estado feito pelo partido.

E que se note: não estou igualando a atuação do DEM à do PT. Nada conseguirá ser igual àquilo. O DEM faz uma oposição leal, institucional e legal ao governo. Lula e seus tontons-macoutes é que tentaram derrubar FHC no grito. Aquilo, sim, é que era oposição golpista. E os atuais tocadores de tuba do petismo faziam o quê? Além da dedicação ao instrumento de sopro, demonizavam o “neoliberal” FHC.

Esses caras deixaram de praticar jornalismo faz tempo. Converteram-se em meros propagandistas do lulo-petismo. Deveriam seguir a trilha de coerência de Franklin Martins, Tereza Cruvinel e Helena Chagas: entrar no governo. A dupla militância é puro descaramento.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Não é morro do Alemão, não...esse é caveirão do Chávez


Calma, não é contra traficantes não....e só para bater em quem é contra ele e sua reforma. Não concorda com ele? Tropa de Elite, saco plástico e pronto.
Tú vai pedir para sair, Huguinho!
Foto da repressão contra estudantes da Universidade Metropolitana, na auto pista caracas-Guarenas.
Domingo, se Deus quiser e sua possível fraude permitir e o mundo não se calar, você vai sair, correria!

Mais fotos, aqui
e naGlobovision, também.

Do Blog Dois Em cena

A queda de um ditador bolivariano


O termômetro continua subindo na Venezuela deixando à mostra o desespero de Chávez para o mundo inteiro. O primeiro sintoma da agudeza desse surto psicótico foi o episódio degradante na Cúpula Iberoamericana ocorrida no Chile, em que foi necessário a intervenção do Rei Juan Carlos de Espanha que vem sendo acusado, por Chávez e seus seguidores, de tê-lo mandado calar-se.

Quem disso usa disso cuida, diz o ditado, pois quem MANDA calar-se aos outros, quando lhe dá na telha é Chávez; o rei, perplexo com tanto desrespeito e falta de educação “perguntou” por que ele não se calava, pois a vez de falar era de Zapatero que não conseguia porque era constantemente interrompido pelo rude e sem educação ditador da Venezuela, acostumado às reuniões de seus kamaradas terroristas e criminosos do Foro de São Paulo.

Ainda na mesma cúpula, Chávez entendeu de se meter num assunto que não lhe diz respeito sobre a questão do mar territorial que está sendo reivindicado pela Bolívia ao Chile, causando mais constrangimentos.

Porque ele paga as contas do cocalero Morales acha que pode interferir em assuntos de Estado, embora viva apregoando o respeito à “auto-determinação dos povos”. Essa discussão é antiga e vem sendo tratada desde que Morales e Bachelet assumiram a presidência de seus países; Bachelet, com a autoridade que o cargo lhe confere, mandou Chávez recolher-se à sua insignificância mas no Basil não se falou disso. Depois, foi a vez do rei Abdullah, da Arábia Saudita, durante encontro da OPEP que, diante da afirmação de Chávez de que a OPEP “deveria atuar como uma entidade política”, ouviu do rei: “O petróleo é uma energia para o desenvolvimento e não deve ser uma ferramenta para conflitos ou emoções”. Bingo!

E no fim-de-semana passado o presidente Álvaro Uribe, finalmente, conseguiu entender o erro que cometeu em aceitar Chávez como “mediador” entre as FARC e o governo da Colômbia, no acordo humanitário para libertar os reféns seqüestrados há anos por este bando narco-terrorista.

O que Chávez pretendeu quando se ofereceu como mediador, na realidade, foi legitimar seus encontros com os chefões daquele bando – que pertence ao Foro de São Paulo juntamente o sr. Lula que é membro fundador e que recusa-se a denominá-los como terroristas por serem parceiros e amigos – com o aval da comunidade internacional sem despertar a mais mínima suspeita.

Chávez foi com muita sede ao pote e teve encontros com Raúl Reyes e Manuel Marulanda “Tirofijo”, descumprindo o acordo feito de que a intermediação não seria através dos “cappos”. Ademais, uma das partes do acordo que era apresentear uma prova concreta de que a franco-colombiana Ingrid Bettancourt, estava viva, não apareceu em momento algum, nem para Uribe nem para Sarkozy, deixando o presidente francês igualmente insatisfeito com sua “atuação”.

Então, no sábado Uribe destituiu Chávez da função, desencadeando a fúria do psicopata que agora posa de vítima e arremete para todos os lados agredindo e acusando todos que não fazem suas vontades. Em comunicados em seu programa “Alô Presidente” Chávez usou, como de costume, impropérios e calúnias contra o presidente da Colômbia que manteve e mantém a classe e a compostura que se espera de um mandatário de um país.

Chávez, ao contrário, continuou sua cruzada ensandecida, primeiro tirando seu embaixador daquele país e hoje, em resposta ao enérgico pronunciamento feito por Uribe (que segue abaixo traduzido na íntegra) domingo passado, disse que não terá mais relações com a Colômbia enquanto Uribe for presidente, alegando que Uribe é “um presidente que é capaz de mentir descaradamente, desrespeitar outro presidente ao qual é chamado de seu amigo, ao qual é chamado para ajudá-lo”.

Ok. Antes de transcrever o pronunciamento de Uribe, os convido à reflexão sobre quem “mente descaradamente”: se Chávez, que nega envolvimento com as FARC mas ofereceu cidadania a um dos membros do Estado Maior e considerado “chanceler” das FARC, Rodrigo Granda Escobar, - que vai inclusive votar no referendo de domingo com a cédula eleitoral de nº V-22942118, outorgada pelo Registro Eleitoral Permanente (REP) do CNE -, ou Uribe, que lhe joga na cara suas ligações mais que provadas com as FARC, que já têm em seu haver mais de 60.000 mortes e um sem-número de seqüestros?

Cabe ainda acrescentar que Granda havia sido preso na fronteira entre Colômbia e Venezuela em 2004, numa operação conjunta entre militares da Colômbia e do DISIP da Venezuela, mas foi libertado por Uribe este ano como prova de sua boa-vontade em negociar o soltura dos reféns. Granda foi “descansar” em Cuba, as FARC não soltaram nenhum refém, e agora ele voltou para a Venezuela a fim de “ajudar” nessa pseudo-negociação.

Há muito o que falar sobre este assunto mas por hoje fico apenas com isto e o pronunciamento de Uribe que, aliás, foi feita hoje uma pesquisa para saber como ficou sua popularidade depois desse entrevero com o desesperado ditador da Venezuela e o resultado foi um nada surpreendente 80% de apoio e aprovação. Fiquem com Deus e aguardem até amanhã, com mais informações atualizadas sobre o que DE FATO está se passando na Venezuela.


Declaração do Presidente Álvaro Uribe Vélez, desde Calamar, Bolívar


“Permitam-me, compatriotas de Calamar, alterar um pouco a agenda do tema que nos ocupa, para fazer umas reflexões sobre esta declaração do presidente Chávez.

Presidente Chávez: a verdade, com testemunhas, é que a você se permitiu mediar com as FARC, como pediu. A você se permitiu reunir-se com as FARC como pediu. A você se permitiu reunir-se com o ELN. A você se permitiu que Rodrigo Granda se transferisse de Cuba para a Venezuela. E como em tantas ocasiões anteriores, as FARC voltaram a mentir, voltaram a descumprir o prometido.


A verdade, presidente Chávez, e a verdade com testemunhas, é que quando não há argumentos e se apela para insultos, como você o faz, se afetam não somente as relações internacionais mas que, neste caso, você com seus insultos e sua falta de argumentos fere a dignidade do próprio povo da Venezuela que você representa.

A verdade, presidente Chávez, é que nós necessitamos de uma mediação contra o terrorismo e não legitimadores do terrorismo. Suas palavras, suas atitudes, dão a impressão de que você não está interessado na paz da Colômbia, senão em que a Colômbia seja vítima de um governo terrorista das FARC.

A verdade, presidente Chávez, a verdade com testemunhas, como a nossa, é que nós necessitamos que nos ajudem a superar esta tragédia do terrorismo, porém que não se aproveitem da necessidade do acordo humanitário para invocar a ajuda da Colômbia e vir à Colômbia simplesmente para intervir nela, para fomentar um projeto expansionista.

A verdade, presidente Chávez, é que se você está fomentando um projeto expansionista no Continente, na Colômbia esse projeto não tem entrada.

A verdade, presidente Chávez, a verdade com testemunhas, é que não se pode incendiar o Continente como você faz, falando um dia contra a Espanha, no outro dia contra os Estados Unidos, maltratando um dia o México, no dia seguinte o Peru, na manhã depois a Bolívia. Não se pode maltratar o Continente, incendiá-lo, como você o faz, falando de imperialismo quando você, baseado em seu pressuposto, quer montar um império.

A verdade, presidente Chávez, é que não se pode maltratar a História, não se pode manchar a memória dos heróis, desfigurando-os na demagogia popular, para desorientar os povos.

O General Santander nos deu o exemplo do apego à lei. A verdade, presidente Chávez, é que não se pode burlar a lei, como você o faz, tratando de maltratar o General Santander, para substituir a lei pelo capricho pessoal.

A verdade, presidente Chávez, a verdade com testemunhas, é que não se pode desorientar o povo interpretando mal o legado do Libertador Bolívar. O Libertador foi integracionista, porém não expansionista. O Libertador deu a independência a nossas nações, porém não lhes trouxe uma nova era de submissão. O Libertador não andava tratando de tirar do território americano a dominação européia, para impor, como você quer fazer, sua própria denominação, baseada no poderio de seu orçamento, ao povo da Venezuela e ao povo da Colômbia.

A verdade, presidente Chávez, é que o povo da Colômbia tem todo o direito de derrotar o terrorismo, tem todo o direito de aceitar mediações, porém não mediações que busquem o protagonismo político, o assenhoramento político do terrorismo.

Me preocupa muito que você, afanado por pretensões eleitorais, agora trate de apelar ao velho truque de estimular na Venezuela o ódio contra a Colômbia e contra o Governo da Colômbia, para buscar seu favorecimento eleitoral.

A verdade, presidente Chávez, é que os antecedentes de meu Governo mostram que em nossa difícil luta contra o terrorismo, temos sido respeitosos de todos os Governos e de todos os países do mundo. Apelo à reflexão, à consciência do povo da Venezuela para examinar este tema. Enquanto um Governo não é capaz de censurar às FARC, se censura injustamente o Governo da Colômbia e a contradição é que o Governo da Colômbia, enfrentando os terroristas, jamais, jamais desrespeitou o Governo da Venezuela nem o povo da Venezuela.

A verdade, presidente Chávez, é que o comunicado de ontem é sustentado por nossos antecedentes, por nossos fatos e tem testemunhas.

A verdade, presidente Chávez, é que a cada momento se conhecem novos elementos. Nosso Cônsul nos Estados Unidos, que acompanhou a senadora Córdoba (Piedad) à reunião com um dos presos pertencentes às FARC que estão nos cárceres dos Estados Unidos por causa do narcotráfico, nosso Cônsul nos informou que a senadora Córdoba falou com o preso das FARC sobre política, está bem; da possibilidade de uma constituinte na Colômbia, está bem. Tudo isso é respeitável, mesmo que não estejamos de acordo. Porém, a senadora também falou da necessidade de um Governo de transição na Colômbia.

A verdade, presidente Chávez, é que isso dá o direito aos colombianos de interpretar que na mediação, à qual você convidou a senadora Piedad Córdoba, de acordo com as atitudes da senadora e com estes comentários, essa mediação estava mais interessada em possibilitar um Governo com influência do terrorismo na Colômbia, do que em ajudar-nos a superar a tragédia dos seqüestrados e a conseguir a paz.

Desde Calamar (Bolívar), esta região da Pátria hoje tão açoitada pelas inundações, digo ao mundo que pedimos e recebemos ajuda, porém não aceitamos projetos expansionistas.

Desde Calamar, esta região açoitada hoje pelas inundações, digo ao mundo que aqui há pobreza e limitações, porém há dignidade.

O dinheiro se consegue todos os dias, mesmo que em umas nações seja mais escasso que em outras. Porém, a dignidade, o respeito ao ser social, o respeito às liberdade individuais, quando se perdem esses valores, é difícil voltar a recuperá-los.

Nós seguiremos fazendo todos os esforços para derrotar o terrorismo, para recuperar nossos concidadãos seqüestrados, porém não admitimos que se abuse de nossa tragédia para dar razão ao terrorismo.

Não admitimos que se abuse de nossa tragédia para vir incorporar a Colômbia a um projeto expansionista que pouco a pouco vai negando as liberdades que com tanta dificuldade este continente conseguiu conquistar”.

Fonte

Comentários e tradução: G. Salgueiro